• 25.10 - 20.12.25

    Geraldo de Barros

    JOGO DA MEMóRIA
  • A memória, como se sabe, é seletiva. Feita de camadas de uma vida, ela guarda o registro da vida, organização. Ou melhor, defesa do inconsciente. Vazio, cheio, vazio, cheio, a memória. Na memória, o vazio nunca é um nada, sempre sobra alguma coisa.

     (Trecho introdutório do documentário Sobras em Obras, de Michel Favre. 1999)

     

     
    A Luciana Brito Galeria apresenta Jogo da Memória, mostra inédita de Geraldo de Barros (1923–1998), organizada pelo Arquivo Geraldo de Barros (Fabiana de Barros e Michel Favre). A exposição reúne, pela primeira vez na história, a coleção completa da série Sobras (1996–1998 / 2024), a derradeira pesquisa do artista brasileiro, considerada um marco experimental em sua trajetória. O conjunto completo abrange 281 peças, cuja disposição no espaço expositivo convida a uma leitura expandida da complexidade da prática fotográfica de Geraldo de Barros.
  • G E R A L D O D E B A R R O S Sem título da série 'Sobras',...
    G E R A L D O  D E  B A R R O S
    Sem título da série "Sobras", 1996-1998/2024

    fotografia em gelatina de prata sobre papel fibra 

    gelatin silver print on fiber paper

    35,8 x 27,28 cm
    14.09 x 10.94 in
    ed 3/5

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  • G E R A L D O D E B A R R O S Sem título da série 'Sobras'...
    G E R A L D O  D E  B A R R O S
    Sem título da série "Sobras"

    fotografia em gelatina de prata sobre papel fibra 

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    35,8 x 27,28 cm
    14.09 x 10.94 in

    ed 3/5

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  • G E R A L D O D E B A R R O S Sem título da série 'Sobras'...
    G E R A L D O  D E  B A R R O S
    Sem título da série "Sobras"

    fotografia em gelatina de prata sobre papel fibra 

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    35,8 x 27,28 cm
    14.09 x 10.94 in

    ed 3/5

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  • G E R A L D O D E B A R R O S Sem título da série 'Sobras',...
    G E R A L D O  D E  B A R R O S
    Sem título da série "Sobras", 1996-1998/2024

    fotografia em gelatina de prata sobre papel fibra 

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    35,8 x 27,28 cm
    14.09 x 10.94 in
    ed 3/5

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  • G E R A L D O D E B A R R O S Sem título da série 'Sobras',...
    G E R A L D O  D E  B A R R O S
    Sem título da série "Sobras", 1996-1998/2024

    fotografia em gelatina de prata sobre papel fibra 

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    35,8 x 27,28 cm
    14.09 x 10.94 in
    ed 3/5

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  • G E R A L D O D E B A R R O S Sem título da série 'Sobras',...
    G E R A L D O  D E  B A R R O S
    Sem título da série "Sobras", 1996-1998/2024

    fotografia em gelatina de prata sobre papel fibra 

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    35,8 x 27,28 cm
    14.09 x 10.94 in
    ed 3/5

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  • G E R A L D O D E B A R R O S Sem título da série 'Sobras',...
    G E R A L D O  D E  B A R R O S
    Sem título da série "Sobras", 1996-1998/2024

    fotografia em gelatina de prata sobre papel fibra 

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    35,8 x 27,28 cm
    14.09 x 10.94 in
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  • G E R A L D O D E B A R R O S Sem título da série 'Sobras',...
    G E R A L D O  D E  B A R R O S
    Sem título da série "Sobras", 1996-1998/2024

    fotografia em gelatina de prata sobre papel fibra 

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    35,8 x 27,28 cm
    14.09 x 10.94 in
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  • G E R A L D O D E B A R R O S Sem título da série 'Sobras',...
    G E R A L D O  D E  B A R R O S
    Sem título da série "Sobras", 1996-1998/2024

    fotografia em gelatina de prata sobre papel fibra 

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    35,8 x 27,28 cm
    14.09 x 10.94 in
    ed 3/5

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  • Geraldo de Barros - Sobras, 1996

     

    9 de outubro de 1996, Musée de l'Elysée, Lausanne, Suíça.

    Geraldo de Barros apresenta seus negativos em placa de vidro e as primeiras cópias da série Sobras.

     

    Com Reinhold Misselbeck - Museu Ludwig, Colônia

    William Ewing e Daniel Girardin - Musée de l'Elysée, Lausanne e Electra de Barros, Fabiana de Barros e José Soares.

    Arquivos - Michel Favre -Direção e edição

  • Geraldo de Barros é figura fundamental para a compreensão da história contemporânea da arte brasileira. Foi o responsável pela ruptura que aproximou a técnica da fotografia à linguagem artística, por meio da série Fotoformas (1948 - 1953), quando introduziu intervenções abstratas e geométricas nos registros fotográficos. Essa incursão experimental o posiciona como o pioneiro dessa prática como uma linguagem visual autônoma, descortinando para as possibilidades que alicerçam o cenário atual e, mesmo décadas mais tarde, servindo de base também para as Sobras, sua pesquisa de maior impacto poético.
     
    A série Sobras, última realizada por Geraldo de Barros antes do seu falecimento, em 1998, com 75 anos, traz a impressão gestual e urgente do artista, que a essa altura já demonstrava grande dificuldade motora devido às isquemias cerebrais. Trata-se, sobretudo, de uma investigação que representa o auge da maturidade sensível, criativa e poética do artista, ou seja, um testamento artístico que resgata suas memórias, além de condensar os principais aspectos da sua obra, como racionalidade construtiva e subjetividade, fotografia documental e criatividade visual, por meio do experimentalismo.
     
    Essa dimensão múltipla da série é realçada em Jogo da Memória, apresentação inédita concebida como uma linha do tempo construída a partir de relações temáticas, formais e estéticas. O percurso expositivo propõe um diálogo à distância com as etapas originais de sua realização, permitindo ao visitante mergulhar na riqueza e na vitalidade da obra de Geraldo de Barros e revelando a continuidade de seu pensamento visual.
     
    As Sobras foram produzidas entre os anos de 1996 e 1998 por Geraldo de Barros, que recorreu aos negativos de diferentes períodos de sua vida — entre eles, registros de viagens em família, imagens dos anos 1940 e outras encontradas em gavetas e envelopes guardados ao longo dos anos. Com a ajuda, em momentos distintos, de uma assistente e da filha, a artista Fabiana de Barros, ele recortou e recombinou esses negativos em 249 composições visuais, coladas em lâminas de vidro. Nesse processo, o artista dá corpo a uma ideia que havia formulado anos antes de realizar as Sobras: “Um negativo achado, todo riscado e empoeirado, se fornecer um bom resultado fotográfico, a fotografia é de quem a realiza e não de quem expôs o negativo.”
     
    Quase três décadas mais tarde, essa concepção ganha nova dimensão na exposição Jogo da Memória, que apresenta pela primeira vez o conjunto completo da série. A mostra decorre de um projeto que foi estruturado a partir de uma iniciativa conjunta entre a família do artista e o Instituto Moreira Salles (IMS), que tem sob sua guarda as composições visuais originais da série Sobras e, por meio de sua área de Fotografia e de seu Laboratório especializado em impressões fotográficas analógicas, coordenado por Ailton Silva, realizou um meticuloso trabalho de recuperação e produção das impressões, respeitando integralmente as instruções deixadas pelo artista. O resultado desse intenso trabalho de releitura do processo fotográfico é este conjunto de ampliações, agora em exposição, realizadas no formato originalmente desejado por Geraldo de Barros, preservando uma ampla borda branca como parte da obra. Uma das séries agora produzidas integra o acervo do IMS.
     
    No pavilhão da galeria, sob a direção do Arquivo Geraldo de Barros, organizado por Fabiana de Barros e pelo cineasta suíço Michel Favre, e parceria de Ricardo Amado, a instalação de Jogo da Memória convida o visitante a uma viagem pela prática do artista, projetando novas relações entre as Sobras, os vazios dos recortes e as múltiplas camadas de tempo e lembrança que atravessam sua obra. O jogo proposto é também um convite à imaginação — um exercício de reconstrução em que o olhar do público se torna parte ativa do processo criativo, prolongando a vida das imagens e, com elas, a memória do próprio artista.
  • Geraldo de Barros, 1923, Xavantes. 1998, São Paulo, Brasil.

    Geraldo de Barros

    1923, Xavantes. 1998, São Paulo, Brasil.
    Geraldo de Barros é um dos principais nomes da arte brasileira do século XX. Combinando seus primeiros estudos sobre pintura e um interesse posterior em fotografia, ele trabalhou os limites dos processos fotográficos tradicionais, intervindo diretamente no negativo, fazendo múltiplas exposições do mesmo filme, sobreposições, montagens e recortes, questionando as regras clássicas de composição. Apesar da profunda preocupação formal, vista claramente no concretismo brasileiro, do qual Geraldo de Barros participou intensamente, ele conseguiu fundi-la com suas preocupações sociais, o que o levou a abordar os processos industriais em seu trabalho, lidando coerentemente com as construções geométricas, reprodutibilidade, socialização da arte, teoria da forma e design industrial.
     
    Geraldo de Barros, ainda aos 26 anos, participou da criação do laboratório e do curso de fotografia no Museu de Arte de São Paulo (MASP), onde apresentou a exposição Fotoformas, em 1950. O artista também foi um dos principais atuantes do Foto Cineclube Bandeirante, espaço que marcou a experimentação em fotografia no Brasil. Em 1951, participou do HfG - Hoschule für Gestaltung (Escola de Formas) em Ulm, Alemanha. Foi também um dos fundadores do Grupo Ruptura (1952) e Grupo Rex (1966) e participou da 1ª, 2ª, 9ª, 15ª e 21ª Bienal de São Paulo e da Bienal de Veneza (Itália), em 1986. Entre diversos projetos nacionais e internacionais, as obras de Geraldo de Barros tiveram participação póstuma em diversas exposições. Em 2014, o Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro, organizou a retrospectiva do artista e, no ano seguinte, a mesma exposição foi exibida no SESC Belenzinho, em São Paulo. No ano de 2017, a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva em Lisboa (Portugal) e a Document Gallery, em Chicago (EUA), realizaram mostras individuais do artista, seguidas por outras na Side Gallery, em Barcelona (Espanha), em 2018, Kurst und Kulturstiftung Opelvillen, em Rüsselsheim (Alemanha). Em 2021, o Itaú Cultural apresentou mostra individual, enquanto em 2022, o Museé d’Art Moderne et Contemporain – MAMCO, na Suíça, realizou a maior retrospectiva do artista na Europa. Em 2025, Geraldo de Barros participou da mostra sobre o modernismo brasileiro na Royal Academy of Arts, em Londres (Inglaterra) e Zentrum Paul Klee, em Berna, (Suíça), além da Arles Les Rencontres de la Photographie (Arles, França) e MASP (São Paulo, Brasil). Seu trabalho faz parte de coleções como a Fundação de Arte Cisneros Fontanals, Fundo de Arte do Estado de Genebra, Fundação Bienal de São Paulo, Instituto Inhotim, Museu Ludwig, Fundação Max Bill, Museu Max Art, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Belas Arte, Museu de Arte de São Paulo, MoMA Nova York, Tate Modern Inglaterra, Photographer’s Gallery Inglaterra, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museo de Arte Latino Americana de Buenos Aires, etc.