• Thomaz Farkas

    Pictóricos, Coloridos e Modernos

     

    17.08 - 28.09.2024
  • O trabalho produzido por Thomaz Farkas em uma vida de intensa experimentação e movimento entre frentes diversas e complementares – como empresário, como fotógrafo, como produtor, como documentarista – segue reverberando em círculos amplos, que vão muito além do âmbito familiar. Por isso mesmo, é difícil imaginar uma influência mais definitiva do que a sua para aqueles que, como eu, acompanharam de perto as deambulações por trás de suas séries fotográficas e de seus filmes, e partilharam de suas buscas constantes e entusiasmadas, como fomentar nossa cultura fotográfica e revelar a potência singular de nossas manifestações populares.
     
    Egresso da geração que modernizou a fotografia brasileira, enriquecendo seu escopo de temas e aproximando sua linguagem do que acontecia no mundo, Thomaz preocupava-se em criar espaços onde a produção local de imagens pudesse continuar desdobrando-se, como a revista Fotoptica e a galeria Fotoptica. Foi nesta última, e com seu apoio irrestrito, que surgiu o Videobrasil, voltado inicialmente à produção brasileira de vídeo que nascia. No ocaso da ditadura civil-militar, o festival reafirmaria ideias caras à prática de Thomaz: que nenhuma produção artística se desvincula de um olhar político; e que, não menos que a estética, importa a realidade.
     
    Solange Oliveira Farkas, julho de 2024
  • A exposição "Thomaz Farkas: Pictóricos, Coloridos, e Modernos" é composta por dois grandes núcleos. Dando início à mostra, ao entrar na Sala Modernista, encontra-se um conjunto de cerca de 60 fotografias vintages em preto e branco, reveladas e ampliadas pelo próprio artista no auge de sua produção, durante a década de 1940. Trata-se da maior seleção de fotografias vintages de Thomaz Farkas já mostradas ao público, sendo a maioria inédita, divididas cronologicamente em grupos temáticos. O primeiro expõe um conjunto de imagens de equipamentos fotográficos, realizadas pelo artista como exercícios em estúdio, antecipando-se ao grupo de fotografias da fase pictórica do artista, conceito que precede a fotografia moderna ao tentar aproximar-se da estética da pintura, sobretudo com registros de paisagens naturais e urbanas, além de retratos.
  • Em seguida, vê-se vários trabalhos significativos que representam o ápice da sua experimentação formal, a partir da busca por novas formas de expressão visual, uso de técnicas inovadoras, que utiliza ângulos inusitados, iluminação natural e a atenção às possibilidades técnicas das câmeras e do laboratório fotográfico, fase que o posicionou como um dos precursores da fotografia moderna no Brasil.
     
  • Thomaz Farkas “Luminária do Cine Ipiranga”, São Paulo, da série 'Recortes', c. 1945 gelatina e prata sobre papel silver gelatin...
    Thomaz Farkas
    “Luminária do Cine Ipiranga”, São Paulo, da série "Recortes", c. 1945
    gelatina e prata sobre papel
    silver gelatin print on paper
    30 x 30 cm
    11.81 x 11.81 in
    ed vintage
  • Thomaz Farkas “Marquise do Cassino da Pampulha”, Belo Horizonte, c. 1949 gelatina e prata sobre papel silver gelatin print on...
    Thomaz Farkas
    “Marquise do Cassino da Pampulha”, Belo Horizonte, c. 1949
    gelatina e prata sobre papel
    silver gelatin print on paper
    28,7 x 22,9 cm
    11.3 x 9.02 in
    ed vintage
  • Thomaz Farkas “Pessoas assistindo a um ensaio de escola de samba”, Rio de Janeiro, déc. 1940 gelatina e prata sobre...
    Thomaz Farkas
    “Pessoas assistindo a um ensaio de escola de samba”, Rio de Janeiro, déc. 1940
    gelatina e prata sobre papel
    silver gelatin print on paper
    39,8 x 29,8 cm
    15.67 x 11.73 in
    ed vintage
  • Thomaz Farkas “Rua do Rio de Janeiro”, 1947 gelatina e prata sobre papel silver gelatin print on paper 32 x...
    Thomaz Farkas
    “Rua do Rio de Janeiro”, 1947
    gelatina e prata sobre papel
    silver gelatin print on paper
    32 x 29,1 cm
    12.6 x 11.46 in
    ed vintage
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  • Thomaz Farkas “Edifício antigo do Rio de Janeiro”, c. 1947 gelatina e prata sobre papel silver gelatin print on paper...
    Thomaz Farkas
    “Edifício antigo do Rio de Janeiro”, c. 1947
    gelatina e prata sobre papel
    silver gelatin print on paper
    29 x 39,4 cm
    11.42 x 15.51 in
    ed vintage
  • A década de 1940 ficou marcada por uma transformação na forma de se fazer fotografia no Brasil. O trabalho do Foto Cine Clube Bandeirante, criado em 1939, atribuiu à fotografia a condição de veículo artístico, transformando-a em uma nova janela para ver o mundo. Thomaz Farkas foi um dos protagonistas desse momento, com experimentações surrealistas de ângulos insólitos, e obras de espelhamento da vida cotidiana e da paisagem urbana, principalmente de São Paulo. Seu olhar sobre essa cidade revela a intimidade com a qual acompanhava o seu dia a dia e suas metamorfoses.

  • Thomaz Farkas “Experiência surrealista com os colegas da Poli”, São Paulo, 1947 gelatina e prata sobre papel silver gelatin print...
    Thomaz Farkas
    “Experiência surrealista com os colegas da Poli”, São Paulo, 1947
    gelatina e prata sobre papel
    silver gelatin print on paper
    40,5 x 29,9 cm
    15.94 x 11.77 in
    ed vintage
  • Durante a organização do acervo de Thomaz Farkas, onde mais de 34 mil fotos foram catalogadas pelo IMS-SP, descobriu-se uma seleção raríssima de filmes Kodachrome (Kodak) da década de 1940, formato 4 x 5 polegadas, em perfeito estado. Essas imagens demonstram um artista apaixonado por uma metrópole ainda sem poluição, com céu azul e vistas panorâmicas de ruas largas e menos ocupadas. Uma ode à arquitetura e aos paulistanos, sob um olhar romântico e intimista, que também serve como pano de fundo para as várias fotografias da então futura esposa Melanie Rechulski, cuja presença marcante contrasta com os muros, fachadas e outras paisagens urbanas da metrópole. Considerado épico pelos mais entendidos em fotografia, esse tipo de filme, para câmeras de grande formato, apresenta um alto padrão de qualidade das cores e texturas, extremamente complexo e de processamento difícil e caro, sendo descontinuado pela Kodak.
  • Thomaz Farkas “Melanie I”, 1948/2024 gelatina e prata sobre papel silver gelatin print on paper 100 x 80 cm 39.37...
    Thomaz Farkas
    “Melanie I”, 1948/2024
    gelatina e prata sobre papel
    silver gelatin print on paper
    100 x 80 cm
    39.37 x 31.5 in
  • Thomaz Farkas, 1924, Budapeste, Hungria – 2011, São Paulo, Brasil.
    Thomaz Farkas
    “Thomaz Farkas I”, c. 1948/2024
    impressão jato de tinta com pigmento mineral sobre papel de algodão 310g
    inkjet print with mineral pigment ink on cotton paper 310g
    100 x 80 cm
    39.37 x 31.5 in

    Thomaz Farkas

    1924, Budapeste, Hungria – 2011, São Paulo, Brasil.
    As primeiras séries autorais de Thomaz Farkas estão associadas à sua experiência com o Foto Cine Clube Bandeirante, onde o artista contribuiu para os avanços da fotografia brasileira. Sua prática concentrava-se nos recursos técnicos criativos, em detrimento do pictorialismo e dos gêneros tradicionais conduzidos pela pintura (retrato, paisagem etc). Em suas fotografias, Thomaz Farkas registrava as cenas cotidianas dos grandes centros, arquitetura e paisagens urbanas, por meio de composições geométricas e ângulos inusitados. A obra do artista reúne não apenas registros do dia a dia, mas compõe um rico testemunho histórico e social brasileiro.
     
    Radicado em São Paulo desde os 6 anos de idade, Thomaz Farkas era filho do fundador da Fotoptica, empresa pioneira na comercialização de equipamentos fotográficos no Brasil. Formou-se PHD pela Escola de Comunicação e Artes da USP (1973). Dentre as principais exposições individuais Museu da Imagem e do Som (2019, São Paulo, Brasil), Instituto Moreira Salles (2011, São Paulo, Brasil), Pinacoteca do Estado de São Paulo (2005, São Paulo, Brasil), Centro Português de Fotografia (2000, Lisboa, Portugal), MASP (1949, 1997, Brasil), MAM-SP (1949, Brasil). Mostras coletivas foram realizadas no MAM-SP (2023, Brasil), MoMA-NY (2021, EUA), Museo Jumex (2018, México), Tate Modern (2018, Londres, Inglaterra), Museum of Contemporary Art (2017, San Diego, EUA), Itaú Cultural (2017, São Paulo, Brasil), The Photographer’s Gallery (2016, Nova York, EUA), Fundação Calouste Gulbenkian (2015, Paris, França), Museum fur Fotografie (2012, Berlim, Alemanha), etc. Farkas foi ainda eleito quatro vezes o representante do Brasil na Photographic Society of America, além de figura central na criação dos departamentos de fotografia do MASP e do MAM-SP. Sua obra também figura entre as coleções do MoMA-NY (EUA), MASP (Brasil), MAM-SP/RJ (Brasil), Instituto Moreira Salles (Brasil) e Tate Modern (Inglaterra).
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