“Barravento” foi o primeiro longa-metragem do diretor Gláuber Rocha e aborda principalmente questões relacionadas ao sincretismo religioso, opressão, racismo e resistência. O filme traz o ator Antonio Pitanga no papel principal de Firmino, um pescador que volta à comunidade e tenta conscientizar seus conterrâneos da própria condição social e da exploração que sofrem. para “Barravento Novo” (2017), de Eder Santos e Bruce Yonemoto, obra principal da exposição, que ocupa todo o espaço do pavilhão anexo, numa grande vídeo-instalação imersiva. O filme, primeiramente apresentado na Tate Modern (Inglaterra), em 2017, foi concebido para a interpretação de Camila Pitanga, com objetivo de destacar o passado pós-colonial do Brasil, através de uma análise mais atenta dos dias atuais e da situação social e psicológica das pessoas. Como uma ode à obra de Glauber Rocha, “Barravento Novo” não só resgata no tempo a mensagem política do diretor do Cinema Novo, como também aborda questões relacionadas à mitologia cultural e a identidade nacional, que até hoje seguem vigentes.
O filme “Barravento Novo” é um marco na carreira de Eder Santos e, segundo o curador Luiz Gustavo Carvalho, simboliza justamente o hibridismo trabalhado pelo artista desde o começo da carreira, já que sempre atuou para diluir as barreiras entre as artes visuais e o cinema. Neste filme, a atriz Camila Pitanga representa os dois personagens principais: o de Cota (interpretada na época por Luiza Maranhão) e o do próprio Firmino (então realizado por seu pai), através de um diálogo com as cenas originais de Glauber. A própria atriz escolheu interpretar os dois papéis, que no filme original formam um casal. Além do confronto de gerações, a partir dos momentos entre pai e filha, os diretores também comparam as tecnologias, já que as cenas originais realizadas em 35mm aparecem concomitantes às atuais em digital 4K, por meio de uma tela menor. “Barravento Novo” apresenta ainda a filha de Camila Pitanga, Antônia Peixoto, interpretando a canção de abertura do filme, além do próprio ator Antônio Pitanga no final. Para os diretores, “Barravento Novo” também é uma homenagem ao ator, hoje com 84 anos, pela sua contribuição ao cinema nacional, sendo o primeiro protagonista negro da história brasileira.
