Tiago Tebet | AAAAAhhh!!!

11 Novembro 2017 - 20 Janeiro 2018
Apresentação
Em sua terceira individual na Luciana Brito Galeria, Tiago Tebet apresenta uma seleção de sete pinturas de dimensões variadas e uma escultura, todas de 2017. As obras têm em comum – entre si e com sua produção anterior – o fato de dialogarem tanto com a cultura popular, em particular da periferia de São Paulo, quanto com elementos arquitetônicos. Formalmente, são unificadas por seu processo criativo, o qual utiliza a destruição e a desconstrução como técnicas construtivas. 
Mais que uma pesquisa temática ou de cor, essas pinturas revelam uma dedicação ao processo performativo de produção pictórica, o qual demanda do artista entrega e abdicação do controle sobre o resultado final. A exposição agrupa obras criadas a partir de dois procedimentos essenciais. Um dos grupos é construído a partir do preparo da tela com massa (de uso para construção civil), à qual são sobrepostas inúmeras camadas de tinta de diferentes cores, que são subsequentemente lixadas. O processo pode se repetir tantas vezes quanto for necessário. Camadas são adicionadas com o intuito de posteriormente serem escavadas, em um processo misterioso que remete à arqueologia de um tempo presente, à construção de uma ruína. 
A segunda série de pinturas é criada a partir da fixação, no verso da tela, de pedras utilizadas para construção e acabamento de muros na periferia. Na frente da tela, Tebet aplica tinta a óleo em diferentes tons de cinza, que depois dilui com solvente, revelando o relevo das pedras afixadas em seu verso. Se em momentos anteriores de sua trajetória o artista ilustrava ou representava elementos arquitetônicos da periferia paulistana, agora essas referências constitutivas de sua pesquisa passam a integrar o corpo da obra, transformando-se em materialidade e  deixando para trás o domínio da representação.
Cabe ressaltar que, se a destruição e a desconstrução são utilizadas como meios para a criação de obras em busca de uma nova pintura, isso não se trata de uma crítica à história da arte ou ao esgotamento de um gênero, mas apenas da adoção de técnicas já estabelecidas para que o artista alcance um novo ponto em sua pesquisa. Esse procedimento, já bastante aceito no circuito da arte contemporânea, é aliado a técnicas de construção popular (como emassar e aplicar tintas com espátula, lixar etc.), em um encontro entre cultura erudita e popular que sempre esteve presente em sua obra – antes no campo representativo, agora na fisicalidade e performatividade da pintura.
Para além de questões intrínsecas à prática da pintura, ao borrar os limites entre erudito e popular, ao observar a fluidez entre os domínios da contracultura e do mainstream, Tebet compartilha de anseios pertinentes a seu tempo e a sua geração, que aborda através de estratégias atemporais, às quais confere seu próprio tom: o humor como forma crítica e a revelação do que é ignorado através de contaminações e hipérboles.
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