Art Must Be Beautiful, Artist Must Be Beautiful

14 Outubro - 19 Dezembro 2020
Apresentação
A Luciana Brito Galeria tem o prazer de anunciar a mostra “Art must be Beautiful, Artist must be Beautiful”, de forma a destacar a presença das artistas mulheres e reforçar a importância de suas pesquisas para o programa da galeria. O título, que além de fazer uma referência a obra homônima de Marina Abramovic, resume em poucas palavras o conceito do projeto, cujo objetivo é justamente de apresentar trabalhos significativos e representativos dentro da potência da investigação artística de cada uma delas: Fabiana de Barros (1957, São Paulo), Liliana Porter (1941, Buenos Aires), Regina Silveira (1939, Porto Alegre), Rochelle Costi (1961, Caxias do Sul), Marina Abramovic (1946, Belgrado, Servia), Paula Garcia (1975, São Paulo). Dentro desse conjunto, a obra de Rochelle Costi, “Coleção da Artista”, ganha um significado especial não apenas por representar um contraponto à obra de Marina Abramovic, mas também por funcionar como catalisador para esse conjunto pensando pela curadoria. 
 
“Art must be Beautiful/Artist must be Beautiful”, 1975-2010, de Marina Abramovic, é uma das suas obras mais emblemáticas. Trata-se do registro da performance onde ela é incisiva na crítica ao circuito da arte através do limite físico do próprio corpo feminino. Em um momento histórico, a artista escova com violência seus próprios cabelos, símbolo estético da feminilidade, até a exaustão, ao mesmo tempo em que repete a frase título da obra. Um trabalho que remete a resistência da mulher no campo muitas vezes austero da arte contemporânea. A obra de Paula Garcia, “Crumbling Body (documentação de performance #2)”, 2015, também fala de resistência. A artista cria situações de embate físicos e psicológicos para associar conceitos relacionados ao corpo a temáticas atuais, apoiando-se em teorias acadêmicas, como a filosofia.  
 
A galeria também apresenta obras das artistas Regina Silveira e Fabiana de Barros. Regina Silveira, uma das artistas mais representativas da história da arte brasileira, apresenta a obra inédita “Corredores para Abutres”, 1982-2020, uma série de desenhos históricos que mostram os possíveis caminhos percorridos pelos pássaros (ou metáforas para outras interpretações mais pejorativas para “abutres”), recentemente gravados a laser sobre placas de ardósia. Já Fabiana de Barros (que desde 1996, forma dupla com Michel Favre - FABMIC), traz uma abordagem multimídia engajada em assuntos de cunho social. As gravuras da série “Auto Psi”, 2007, retratam histórias diversas de pessoas que participaram do projeto homônimo de ação urbana, onde os artistas propunham a troca de uma viagem de táxi por histórias criadas a partir de imagens apresentadas.
 
A obra de Liliana Porter trabalha a ambiguidade existente entre a realidade e a representação. Sua visão sensível da natureza humana a conduz para um viés mais lúdico, ao passo que também pode ser irônico ou até sádico. Em “Situation with Roller Barrel”, 2008,Liliana Porter utiliza pequenos objetos para criar uma das chamadas “vinhetas teatrais”, ou seja, uma situação que problematiza as mazelas da nossa consciência. Rochelle Costi trabalha a memória afetiva, acionada pelo dispositivo da imagem. Sua pesquisa parte de seu próprio repertório imagético, tornando o colecionismo e a fotografia elementos importantes e complementares. A instalação inédita, “Coleção da Artista”, 1993-2020, é uma síntese poética da investigação da artista. Ao longo de quase quarenta anos, ela reuniu trezentos corações, símbolo ao mesmo tempo paradoxal, seja pelo romantismo muitas vezes piegas das emoções, seja pela força pulsante que oxigena, pulsa e mantém a vida.
Installation Views
Obras