Regina Silveira | Fauna Mix
Passadas exhibition
Apresentação
As diversas possibilidades de significação e representação da fauna brasileira há tempos permeiam a pesquisa de Regina Silveira. Como um desdobramento dessa investigação, que inclui animais peçonhentos, insetos daninhos, peixes, mamíferos, pássaros brasileiros, numa alusão à aura de exotismo que envolve secularmente a fauna brasileira, a artista apresenta a mostra “Fauna Mix”, inaugurando a programação 2022 da Luciana Brito Galeria.
Diversas figuras de animais, destacando algumas de suas partes mais intimidadoras, como garras, bicos, presas e caudas, sobrepõem-se caoticamente para compor imaginários distintos em quatro grandes tapeçarias. Confeccionadas manualmente, as peças tecidas em lã alcançam uma tradução muito fiel ao desenho original realizado digitalmente pela artista, que investigou diversas fontes e se apropriou de registros de animais, para reunir um repertório variado de figuras. Numa segunda etapa, essas figuras são acumuladasdigitalmente de maneira desordenada, sem uma preocupação com a relação de escala entre elas. O preto e branco da fauna representada ganha ainda mais destaque com as cores vivas em degradê do fundo. Além das peças têxteis, “Fauna Mix” também inclui três grandes impressões digitais sobre papel Hahnemühle sob a mesma temática.
Desde a série “Gone Wild”(1996), onde pegadas de coiotes tomaram as paredes do hall de entrada do Museum of Contemporary Art de San Diego (EUA), Regina Silveira tem investido em narrativas gráficas que implicam uma espécie de animalização dos espaços arquitetônicos, passando por “Tropel” (1998), apresentado na 28a Bienal de São Paulo, e “Mundus Admirabilis” (2007), dentre outros, inclusive o trabalho “Bicho Gal” (2017), realizado pela artista para o espetáculo musical “Fruta Gogoia”, em homenagem aos 70 anos da cantora Gal Costa. Na ocasião, Regina criou todo um imaginário de invasão de bichos para compor uma série de animações do cenário do show promovido pelo SESC-SP, com destaque para a cabeleira da cantora, imagem que abria o espetáculo. Para a artista, esse foi o trabalho que mais se aproximou das possíveis interpretações de exotismo que sempre estiveram associadas à nossa fauna. Daí também vem a ideia de trazer o elemento da tapeçaria para esse universo, estabelecendo uma relação paradoxal com as tão tradicionais tapeçarias históricas da Europa, peças nobres de decoração, geralmente símbolos de poder de autoridades da monarquia e do clero, especialmente as confeccionadas nos Países Baixos, nos séculos XVI e XVII.
Recentemente, a artista também realizou a série de tapetes da qual chamou “Tropicals”, executada sob medida para o lobby do hotel Rosewood no projeto Cidade Matarazzo, com imagens paródicas dos bichos brasileiros. Simultaneamente à “Fauna Mix”, Regina Silveira apresenta ainda “Outros Paradoxos”, mostra retrospectiva que acontece no Museu de Arte Contemporânea MAC-USP, “Touch”, instalação de grandes dimensões na recém-inaugurada Galeria Hugo França, em Trancoso (BA), e exposição individual da Galeria Bolsa de Arte, em São Paulo.
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