Geraldo de Barros é um dos principais nomes da arte brasileira do século XX. Combinando seus primeiros estudos sobre pintura e um interesse posterior em fotografia, ele trabalhou os limites...
Geraldo de Barros é um dos principais nomes da arte brasileira do século XX. Combinando seus primeiros estudos sobre pintura e um interesse posterior em fotografia, ele trabalhou os limites dos processos fotográficos tradicionais, intervindo diretamente no negativo, fazendo múltiplas exposições do mesmo filme, sobreposições, montagens e recortes, questionando as regras clássicas de composição.
Apesar da profunda preocupação formal, vista claramente no concretismo brasileiro, do qual Geraldo de Barros participou intensamente, ele conseguiu fundi-la com suas preocupações sociais, o que o levou a abordar os processos industriais em seu trabalho, lidando coerentemente com as construções geométricas, reprodutibilidade, socialização da arte, teoria da forma e design industrial. No final da década de 1970, ele retoma alguns projetos de Arte Concreta iniciados nos anos 1952-53, os quais realiza agora com pintura sobre madeira laqueada. O uso de um aerógrafo permite uma superfície lisa, sem a marca do pincel, conceito primordial para atribuir uma identidade mais “industrial” e reproduzíveis às obras, então nomeadas “objetos-forma”. A partir deste conceito, Geraldo de Barros dá início a série de trabalhos usando folhas de plástico laminado, recortadas e montadas sobre madeira e cantoneiras de alumínio, a partir de estudos realizados em colagem sobre papel milimétrico. As “Fórmicas”, como ficaram conhecidas, eram realizadas por um marceneiro da fábrica de móveis Hobjeto, fundada por Geraldo em 1964. Um conjunto desses trabalhos foram apresentados na 42a Bienal de Veneza, em 1986.
Do aprofundamento no estudo das cores nas “Fórmicas”, surgiu a série única de 55 peças inseparáveis denominada “Jogo de Dados” (1985/2016). Em 1989, essa mesma série foi apresentada na Unicamp (Instituição que atualmente possui a série em sua coleção). Em 2016, a Luciana Brito Galeria e a família do artista produziram uma edição póstuma de serigrafias baseadas nos “Jogos de Dados”.
Geraldo de Barros, ainda aos 26 anos, participou da criação do laboratório e do curso de fotografia no Museu de Arte de São Paulo (MASP), onde apresentou a exposição Fotoformas, em 1950. O artista também foi um dos principais atuantes do Foto Cineclube Bandeirante, espaço que marcou a experimentação em fotografia no Brasil. Em 1951, participou do HfG - Hoschule für Gestaltung (Escola de Formas) em Ulm, Alemanha. Foi também um dos fundadores do Grupo Ruptura (1952) e Grupo Rex (1966) e participou da 1ª, 2ª, 9ª, 15ª e 21ª Bienal de São Paulo e da Bienal de Veneza (Itália), em 1986. Entre diversos projetos nacionais e internacionais, as obras de Geraldo de Barros tiveram participação póstuma em diversas exposições. Em 2014, o Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro, organizou a retrospectiva do artista e, no ano seguinte, a mesma exposição foi exibida no SESC Belenzinho, em São Paulo. No ano de 2017, a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva em Lisboa (Portugal) e a Document Gallery, em Chicago (EUA), realizaram mostras individuais do artista, seguidas por outras na Side Gallery, em Barcelona (Espanha), em 2018, Kurst und Kulturstiftung Opelvillen, em Rüsselsheim (Alemanha). Seu trabalho faz parte de coleções como a Fundação de Arte Cisneros Fontanals, Fundo de Arte do Estado de Genebra, Fundação Bienal de São Paulo, Instituto Inhotim, Museu Ludwig, Fundação Max Bill, Museu Max Art, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Belas Arte, Museu de Arte de São Paulo, MoMA Nova York, Tate Modern Inglaterra, Photographer’s Gallery Ingaterra, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museo de Arte Latino Americana de Buenos Aires, etc.