Marina Abramovic ficou mundialmente conhecida por sua pesquisa na arte da performance, que introduziu na experiência artística, ainda na década de 1960, a discussão sobre os limites do corpo e...
Marina Abramovic ficou mundialmente conhecida por sua pesquisa na arte da performance, que introduziu na experiência artística, ainda na década de 1960, a discussão sobre os limites do corpo e da mente, além da relação direta entre o artista e o público. A partir da década de 1980, a artista passou a investigar os assuntos relacionados à espiritualidade e ao sincretismo religioso, além dos potenciais da mente, do corpo e do espírito, através da conexão com a natureza e o sagrado. Essa investigação ganha ainda mais importância na obra da artista depois de sua primeira visita ao Brasil, em 1989. Essas experiências compõem um rico material para a produção de fotografias, vídeos, esculturas e instalações.
Marina Abramovic é graduada pela Academy of Fine Arts (Belgrado, 1970), Academy of Fine Arts (Zagreb, 1972) e pelo The Art Institute of Chicago (2005). Ela é fundadora do MAI – Marina Abramovic Institute, em Nova York, uma plataforma para arte imaterial e performances de longa duração. Sua primeira exposição individual foi realizada em 1964 na Workers’ University, em Belgrado; desde então, apresentou dezenas de mostras individuais em instituições como MoMA, Guggenheim Museum, Serpentine Galleries, MoMA PS1, Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Neue Nationalgalerie, Centre Georges Pompidou, Stedelijk Museum, Fundação Calouste Gulbenkian, Sesc Pompeia, entre outros. Abramovic participou de inúmeras mostras coletivas, com destaque para a 45ª (1993) e a 47ª (1997) edições da Bienal de Veneza – quando ganhou o Leão de Ouro de Melhor Artista –; dOCUMENTA (13), documenta IX, documenta 8 e documenta 6 (2012, 1992, 1988 e 1977); as 28ª, 18ª e 16ª edições da Bienal de São Paulo (2008, 1985 e 1981); 5ª Bienal do Mercosul (2007); e 7ª Bienal de la Habana (2000). Suas obras encontram-se nas principais coleções públicas e privadas, como Cisneros Fontanals Art Foundation, Miami (EUA), Kunstmuseum (Suíça), Museum Ludwig (Alemanha), San Francisco Museum of Modern Art (EUA), Solomon R. Guggenheim Museum (EUA), The Museum of Modern Art, New York – MoMA (EUA), entre outras.
Desde muito nova, até meus trinta e poucos anos, eu tinha sérias dificuldades em abrir e ler as cartas que recebia. As cartas ficavam sobre minha mesa durante semanas até que reunisse coragem para abri-las, e durante este tempo minha sensação de culpa só crescia.
Na maior parte das vezes, quando eu finalmente abria as cartas, já era tarde demais para respondê-las, e minha sensação de culpa piorava ainda mais.
Eu guardei todas as cartas, desde os primeiros bilhetes recebidos de minha mãe, em 1965, até o momento em que deixei Belgrado para sempre, em 1979. Decidi escrever cronologicamente a primeira frase de cada uma dessas cartas, sem anotar o nome dos remetentes. Quando acabei, fiquei espantada ao perceber como era possível traçar minha vida inteira apenas pela leitura do texto criado por estas primeiras frases.
Mais tarde, soube que Marcel Duchamp, ao receber uma carta, abria, respondia e imediatamente queimava a carta que havia recebido.
Jean Tinguely nunca abria ou respondia nenhuma carta, e todo Natal fazia um ritual de queimar envelopes fechados, que às vezes incluíam informações importantes e até cheques. M. A.
ALL ABOUT SENDING AND RECEIVING LETTERS
Since I was very young, until my early thirties, I had serious problems in opening and reading any letters I received. Letters would stay on my table for weeks before I found the courage to open them, and during this time my sense of guilt would grow and grow.
Most of the time, when I finally opened the letters, it was too late to answer them and my sense of guilt was worse than ever.
I kept every single letter, from the first notes received from my mother, in 1965, up to the time I left Belgrade for ever in 1979. I decided to chronologically write down the first sentence from all of these letters, without noting the name of the senders. When finished, I was astonished to see how it was possible to trace all my life just by reading the text created by all these first lines.
Later I heard that Marcel Duchamp, on receiving a letter, opened, answered, and immediately burnt the letter he’d received.
Jean Tinguely never opened or answered any letter, and every Christmas he made a ritual of burning unopened envelopes, which sometimes included important information and even checks.