Mara chegou a Sorocaba sozinha, falava uma língua estranha e indecifrável a todos. Pendurada ao pescoço trazia uma corrente de ouro com a fotografia de um homem de tez morena...
Mara chegou a Sorocaba sozinha, falava uma língua estranha e indecifrável a todos. Pendurada ao pescoço trazia uma corrente de ouro com a fotografia de um homem de tez morena e olhos acinzentados. Hospedou-se no Hotel Pereira Inácio e todas as manhãs, logo cedo, descia até a estação. Passava seus dias mostrando o retrato aos passageiros que chegavam e partiam e, com os olhos, perguntava se o teriam visto. Uma única vez em quase trezentos dias foi vista conversando e sorrindo com alguém que lhe anotava algo em um papel. No mesmo dia pagou as despesas do hotel e partiu no primeiro trem. Ninguém nunca mais a viu.